sábado, 13 de abril de 2013

Arcadismo - teoria.


CONTEXTO HISTÓRICO:

·         PERÍODO CONHECIDO POR SETECENTISMO;

·         RETOMADA DA CULTURA CLÁSSICA;

·         VALORIZAÇÃO DA NATUREZA E DA MITOLOGIA CLÁSSICA

·         TRADUZ A CRÍTICA DA BURGUESIA AO CLERO E À ARISTOCRACIA;

·         INFLUÊNCIAS ILUMINISTAS;

CARACTERÍSTICAS NAS ARTES:

·         inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, como por exemplo, em O Uraguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero satírico);

·         influência da filosofia francesa;

·         - mitologia pagã como elemento estético;

·         - o bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;

·         - tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia;

·         - pastoralismo: poetas simples e humildes;

·         - bucolismo: busca pelos valores da natureza;

·         - nativismo: referências à terra e ao mundo natural;

·         - tom confessional;

·         - estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;

·          - exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.

·         Termos em latim

·         Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do barroco. No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.

·         Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;

·         Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos monárquicos;

·          Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o momento presente.

PRINCIPAIS AUTORES:

POESIA LÍRICA:

TOMÁS ANTÕNIO GONZAGA ( MARÍLIA DE DIRCEU)



Lira I

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,

Que viva de guardar alheio gado;

De tosco trato, d’ expressões grosseiro,

Dos frios gelos, e dos sóis queimado.

Tenho próprio casal, e nele assisto;

Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;

Das brancas ovelhinhas tiro o leite,

E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

Eu vi o meu semblante numa fonte,

Dos anos inda não está cortado:

Os pastores, que habitam este monte,

Com tal destreza toco a sanfoninha,

Que inveja até me tem o próprio Alceste:

Ao som dela concerto a voz celeste;

Nem canto letra, que não seja minha,

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

 

CLÁUDIO MANOEL DA COSTA ( GLAUCESTE SATÚRNIO)



SONETOS

I

Para cantar de amor tenros cuidados,
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;
Ouvi pois o meu fúnebre lamento;
Se é, que de compaixão sois animados:

Já vós vistes, que aos ecos magoados
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento;
Da lira de Anfião ao doce acento
Se viram os rochedos abalados.

Bem sei, que de outros gênios o Destino,
Para cingir de Apolo a verde rama,
Lhes influiu na lira estro divino:

O canto, pois, que a minha voz derrama,
Porque ao menos o entoa um peregrino,
Se faz digno entre vós também de fama.

POESIA SATÍRICA ( CARTAS CHILENAS): CARTAS PUBLICADAS EM FORMA DE VERSOS COLOCADAS EM LUGARES PÚBLICOS.SEUS REMETENTES ERA CRITILO E DOROTEU.O TEMA ERA A CRÍTICA AOS ABUSOS DE PODER PRATICADOS PELO GOVERNADOR FANFARRÃO MINÉSIO EM UMA PROVÍNCIA CHILENA ( NA VERDADE OURO PRETO).

Carta 1ª (fragmentos)

Não cuides, Doroteu, que vou contar-te

por verdadeira história uma novela

da classe das patranhas, que nos contam

verbosos navegantes, que já deram

ao globo deste mundo volta inteira.

Uma velha madrasta me persiga,

uma mulher zelosa me atormente

e tenha um bando de gatunos filhos,

que um chavo não me deixem, se este chefe

não fez ainda mais do que eu refiro.


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POESIA ÉPICA

BASÍLIO DA GAMA : ESCREVEU O URAGUAI.



TEXTO

Texto — A morte de Lindóia (Canto IV)

Este lugar delicioso, e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva, e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão, e a mão no tronco
De um fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados,
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la, e temem
Que desperte assustada, e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco, e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia, e fere
A serpente na testa, e a boca, e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
Açouta o campo co'a ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime, e a voluntária morte.
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!


 

 

 

SANTA RITA DURÃO : ESCREVEU CARAMURU.



TEXTO

Da nova Lusitânia o vasto espaço

Ia a povoar Diogo, a quem bisonho

Chama o Brasil, temendo o forte braço,

Horrível Filho do Trovão medonho:

Quando do abismo por cortar-lhe o passo

Essa Fúria saiu, como suponho,

A quem do Inferno o Paganismo aluno,

Dando o Império das águas, fez Netuno.

X

O grão-Tridente, com que o mar comove,

Cravou dos Órgãos na montanha horrenda,

E na escura caverna, adonde Jove

(Outro espírito) espalha a luz tremenda,

Relâmpagos mil faz, coriscos chove;

Bate-se o vento em hórrida contenda:

Arde o céu, zune o ar, treme a montanha,

E ergue-lhe o mar em frente outra tamanha.”

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