sábado, 13 de abril de 2013

Barroco


BARROCO (1601 – 1768)

CONTEXTO HISTÓRICO:

·         CONTRARREFORMA;

·         SALVADOR (BA),CAPITAL DO BRASIL;

·         CANA-DE-AÇÚCAR: PRINCIPAL ATIVIDADE ECONÔMICA.

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS:

CONTEÚDO:

·         CONFLITO ENTRE VISÃO ANTROPOCÊNCRICA E TEOCÊNTRICA;

·         OPOSIÇÃO ENTRE O MUNDO MATERIAL E MUNDO ESPIRITUAL;VISÃO TRÁGICA DA VIDA;

·         CONFLITOO ENTRE FÉ E RAZÃO;

·         CRISTIANISMO;

·         MORBIZEZ;

·         IDEALIZAÇÃO AMOROSA;

·         CONSCIÊNCIA DA EFEMERIDADE DO TEMPO;

·         GOSTO POR RACIOCÍNIOS COMPLEXOS,INTRINCADOS,DESENVOLVIDOS EM PARÁBOLAS E NARRATIVAS BÍBLICAS;

·         CARPE DIEM.

FORMA:

·         GOSTO PELO SONETO

·         EMPREGO DA MEDIDA NOVA

·         INVERSÕES SINTÁTICAS E CONSTRUÇÕES COMPLEXAS E RARAS;EMPREGO FREQUENTE DE FIGURAS DE LINGUAGEM COMO ANTÍTESES, PARADOXOS, METÁFORA, METONÍMIAS,ETC...

 

DUAS TENDÊNCIAS DO TEXTO BARROCO:

A)   CULTISMO ( GONGORISMO): JOGOS DE PALAVRAS,VOCABULÁRIO COMPLEXO,USO DE FIGURAS DE LINGUAGEM,IMAGENS VIOLENTAS E FANTASIOSAS.

EX:

"O todo sem a parte não é o todo;

A parte sem o todo não é parte;

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga que é parte, sendo o todo.



Em todo o Sacramento está Deus todo,

E todo assiste inteiro em qualquer parte,

E feito em partes todo em toda a parte,

Em qualquer parte sempre fica todo
."

(Gregório de Matos)

B)CONCEPTISMO( QUEVEDISMO): JOGO DE IDEIAS,RACIOCÍNIO LÓGICO, ANALOGIAS E ILUSTRAÇÕES.

EX.: "Mui grande é o vosso amor e o meu delito;

Porém pode ter fim todo o pecar,

E não o vosso amor, que é infinito.

Essa razão me obriga a confiar

Que, por mais que pequei, neste conflito

Espero em vosso amor de me salvar
."

Estes versos encobrem a formulação silogística, como segue:

Premissa maior: O amor infinito de Cristo salva o pecador.
Premissa menor: Eu sou um pecador.
Conclusão: Logo, eu espero salvar-me
.

PRINCIPAIS AUTORES:

POESIA

GREGÓRIO DE MATOS:



A-   POESIA EXISTENCIALISTA: CONSCIÊNCIA DA PASSAGEM DO TEMPO.

 

TEXTO

DESENGANOS DA VIDA HUMANA METAFORICAMENTE

É a vaidade, Fábio, nesta vida,

 Rosa, que da manhã lisonjeada,

 Púrpuras mil, com ambição dourada,

 Airosa rompe, arrasta presumida.

 

É planta, que de abril favorecida,

 Por mares de soberba desatada,

 Florida galeota empavesada,

 Sulca ufana, navega destemida.

 

É nau enfim, que em breve ligeireza

 Com presunção de Fênix generosa,

 Galhardias apresta, alentos preza:

 

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa

 De que importa, se aguarda sem defesa

 Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

 

B) POESIA LÍRICA AMOROSA: A MULHER PERSONIFICA ANJO E DEMÔNIO ( PECADO,PERDIÇÃO).

TEXTO

“À mesma D. Ângela”

 

Anjo no nome, Angélica na cara,

Isso é ser flor, e Anjo juntamente,

Ser Angélica flor, e anjo florente,

Em quem, senão em vós se uniformara?

 

Quem veria uma flor, que a não cortara

De verde pé, de rama florescente?

E quem um Anjo vira tão luzente,

Que por seu Deus, o não idolatrara?

 

Se como Anjo sois dos meus altares,

Fôreis o meu custódio, e minha guarda

Livrara eu de diabólicos azares.

 

Mas vejo, que tão bela e tão galharda,

Posto que os Anjos nunca dão pesares,

Sois Anjo, Que me tenta, e não me guarda.

 

C)POESIA RELIGIOSA: PECADOR BUSCANDO O PERDÃO.

A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.


Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.


Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:


Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória
.

 

PROSA

PADRE ANTÔNIO VIEIRA

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·         ESCREVEU GRANDES SERMÕES;

·         USO DE RACIOCÍNIO LÓGICO PARA CONVENCER OS OUVINTES;

·         USO DE TRECHOS BÍBLICOS PARA FUNDAMENTAR SUAS PREGAÇÕES.

·         CRITICAVA O COMPORTAMENTO HIPÓCRITA DA ARISTOCRACIA E DA PRÓPRIA IGREJA.

TEXTO

O TEMPO E O AMOR¹

[...].Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore quanto mais a corações de cera! São as feições como as vidas, em que não há mais certo sinal de haverem durado pouco, do que terem durado muito. São as vidas como linhas espirais, que partindo do centro, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão vigoroso que chegue a ser velho. De arco e flecha que lhe armou a natureza, desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco com que já não mais atira; embota-lhe a seta, com que já não mais fere; abre-lhe os olhos, com que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda essa diferença, é, porque o tempo tira a novidade das coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem mais as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso quanto mais o amor! O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.

 

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