sexta-feira, 12 de abril de 2013

Aula de interpetação de textos com gabarito


SONETO DE FIDELIDADE

 

De tudo ao meu amor serei atento

Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou ao seu contentamento.

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

 

(MORAES, Vinícius de. Antologia poética. São Paulo: Cia das Letras, 1992)

 

 

01 - A palavra mesmo pode assumir diferentes significados, de acordo com a sua função na frase. Assinale a alternativa em que o sentido de mesmo equivale ao que se verifica no 3º. verso da 1ª. estrofe do poema de Vinícius de Moraes.

 

(A)    “Pai, para onde fores, / irei também trilhando as mesmas ruas...” (Augusto dos Anjos)

(B)    “Agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é modesta, com a exterior, que é ruidosa.” (Machado de Assis)

(C)   “Havia o mal, profundo e persistente, para o qual o remédio não surtiu efeito, mesmo em doses variáveis.” (Raimundo Faoro)

(D)   “Mas, olhe cá, Mana Glória, há mesmo necessidade de fazê-lo padre?” (Machado de Assis)

(E)    “Vamos de qualquer maneira, mas vamos mesmo.” (Aurélio)

 

Se compararmos a idade do planeta Terra, avaliada  em  quatro  e  meio  bilhões  de  anos  (4,5 109 anos), com a de uma pessoa de 45 anos, então, quando começaram a florescer os primeiros vegetais, a Terra  já teria 42 anos. Ela só conviveu com o homem moderno nas últimas quatro horas e, há cerca de uma hora, viu-o começar a plantar e a colher. Há menos de um minuto percebeu o ruído de máquinas e de indústrias e, como denuncia uma ONG de defesa do meio ambiente, foi nesses últimos sessenta segundos que se produziu todo o lixo do planeta!

02 - O texto acima, ao estabelecer um paralelo entre a idade da Terra e a de uma pessoa, pretende mostrar que

 

(A)    a agricultura surgiu logo em seguida aos vegetais, perturbando desde então seu desenvolvimento.

(B)    o ser humano só se tornou moderno ao dominar a agricultura e a indústria, em suma, ao poluir.

(C)   desde o surgimento da Terra, são devidas ao ser humano todas as transformações e perturbações.

(D)   o surgimento do ser humano e da poluição é cerca de dez vezes mais recente que o do nosso planeta.

(E)    a industrialização tem sido um processo vertiginoso, sem precedentes em termos de dano ambiental.

 

03 - O texto permite concluir que a agricultura começou a ser praticada há cerca de

 

(A) 365 anos.

(B) 460 anos.

(C) 900 anos.

(D) 10 000 anos.                                                

(E) 460 000 anos.

 

04 - Na teoria do Big Bang, o Universo surgiu há cerca de 15 bilhões de anos, a partir da explosão e expansão de uma densíssima gota. De acordo com a escala proposta no texto, essa teoria situaria o início do Universo há cerca de

 

(A) 100 anos.                                                     

(B) 150 anos.

(C)1 000 anos.

(D) 1 500 anos.

(E) 2 000 anos.

 

Leia o texto abaixo.

 

Cabelos longos, brinco na orelha esquerda, físico de skatista. Na aparência, o estudante brasiliense Rui Lopes Viana Filho, de 16 anos, não lembra em nada o estereótipo dos gênios. Ele não usa pesados óculos de grau e está longe de ter um ar introspectivo. No final do mês passado, Rui retornou de Taiwan, onde enfrentou 419 competidores de todo o mundo na 39ª Olimpíada Internacional de Matemática. A reluzente medalha de ouro que ele trouxe na bagagem está dependurada sobre a cama de seu quarto, atulhado de rascunhos dos problemas matemáticos que aprendeu a decifrar nos últimos cinco anos.

Veja – Vencer uma olimpíada serve de passaporte para uma carreira profissional meteórica?

 

Rui – Nada disso. Decidi me dedicar à Olimpíada porque sei que a concorrência por um emprego é cada vez mais selvagem e cruel. Agora tenho algo a mais para oferecer. O problema é que as coisas estão mudando muito rápido e não sei qual será minha profissão. Além de ser muito novo para decidir sobre o meu futuro profissional, sei que esse conceito de carreira mudou muito.

                                                                          (Entrevista de Rui Lopes Viana  Filho à Veja, 05/08/1998, n.31, p. 9-10)

 

05 - Na pergunta, o repórter estabelece uma relação entre a entrada do estudante no mercado de trabalho e a vitória na Olimpíada. O estudante

 

(A)   concorda com a relação e afirma que o desempenho na Olimpíada é fundamental para sua entrada no mercado.

(B)   discorda da relação e complementa que é fácil se fazer previsões sobre o mercado de trabalho.

(C)   discorda da relação e afirma que seu futuro profissional independe de dedicação aos estudos.

(D)  discorda da relação e afirma que seu desempenho só é relevante se escolher uma profissão relacionada à matemática.

(E)   concorda em parte com a relação e complementa que é complexo fazer previsões sobre o mercado de trabalho.

 


 

06 - Observando as falas das personagens, analise o emprego do pronome SE e o sentido que adquire no contexto. No contexto da narrativa, é correto afirmar que o pronome SE,

 

(A)   nem I, indica reflexividade e equivale a “a si mesmas”.

(B)   em II, indica reciprocidade e equivale a “a si mesma”.

(C)   em III, indica reciprocidade e equivale a “umas às outras”.

(D)  em I e III, indica reciprocidade e equivale a “umas às outras”.

(E)   em II e III, indica reflexividade e equivale a “ a si mesma ” e "a si mesmas", respectivamente.

 

O texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.

 

“Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos e pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que repicou. Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia proclamou-se a República. João repicou por ela, repicaria pelo Império, se o Império retornasse.”

(MACHADO, Assis de. Crônica sobre a morte do escravo João, 1897)

 

07 - A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:

 

(A)   por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à Abolição.

(B)   não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.

(C)   tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo.

(D)  tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era costume fazê-lo.

(E)   tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da Princesa Isabel.

 

O autor do texto abaixo critica, ainda que em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea em relação aos seus hábitos alimentares.

 

“Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? (...)

Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.

Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: ‘Líquido branco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota fora.

Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio.

Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca  tomaram! Múúúúúúú!”

 

(FERNANDES, Millôr. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999)

 

08 - A crítica do autor é dirigida:

 

(A)   ao desconhecimento, pelas novas gerações, da importância do gado leiteiro para a economia nacional.

(B)   à diminuição da produção de leite após o desenvolvimento de tecnologias que têm substituído os produtos naturais por produtos artificiais.

(C)   à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, com perda de critério para julgar sua qualidade e sabor.

(D)  à permanência de hábitos alimentares a partir da revolução agrícola e da domesticação de animais iniciada há 5.000 anos.

(E)   à importância dada ao pacote de leite para a conservação de um produto perecível e que necessita de aperfeiçoamento tecnológico.

 

09 - A palavra embromatologia usada pelo autor é:

 

(A)   um termo científico que significa estudo dos bromatos.

(B)   uma composição do termo de gíria “embromação” (enganação) com bromatologia, que é o estudo dos alimentos.

(C)   uma junção do termo de gíria “embromação” (enganação) com lactologia, que é o estudo das embalagens para leite.

(D)  um neologismo da química orgânica que significa a técnica de retirar bromatos dos laticínios.

(E)   uma corruptela de termo da agropecuária que significa a ordenha mecânica.

 

10 – Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um exemplo:

 


Jornal do Commercio, 22/8/93

 

O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é:

 

 

(A)    Descansem o meu leito solitário

Na floresta dos homens esquecida,

À sombra de uma cruz, e escrevam nela

– Foi poeta – sonhou – e amou na vida.

(AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971)

 

(B)    Essa cova em que estás

Com palmos medida,

é a conta menor

que tiraste em  vida.

É de bom tamanho,

Nem largo nem fundo,

É a  parte que te cabe

deste latifúndio.

(MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967)

(C)    Medir é a medida

mede

A terra, medo do homem, a lavra;

lavra

duro campo, muito cerco, vária várzea.

(CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo: Summums, 1978)

 

(D)    Vou contar para vocês

um caso que sucedeu

na Paraíba do Norte

com um homem que se chamava

Pedro João Boa-Morte,

lavrador de Chapadinha:

talvez tenha morte boa

porque vida ele não tinha.

(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983)

 

(E)    Trago-te flores, – restos arrancados

Da terra que nos viu passar

E ora mortos nos deixa e separados.

 (ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986)

 

 

 

GABARITO

 

01- C

02- E

03- D

04-B

05- E

06- E

07-D

08- C

09-B

10- B

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