SONETO DE FIDELIDADE
De tudo ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
Ao seu pesar ou ao seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(MORAES, Vinícius
de. Antologia poética. São Paulo: Cia
das Letras, 1992)
02 - O texto
acima, ao estabelecer um paralelo entre a idade da Terra e a de uma pessoa,
pretende mostrar que
(A) a
agricultura surgiu logo em seguida aos vegetais, perturbando desde então seu
desenvolvimento.
(B) o
ser humano só se tornou moderno ao dominar a agricultura e a indústria, em
suma, ao poluir.
(C) desde
o surgimento da Terra, são devidas ao ser humano todas as transformações e perturbações.
(D) o
surgimento do ser humano e da poluição é cerca de dez vezes mais recente que o
do nosso planeta.
(E) a
industrialização tem sido um processo vertiginoso, sem precedentes em termos de
dano ambiental.
O
texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao
trabalho de um escravo.
“Um dia começou a guerra do Paraguai e
durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos e
pelas vitórias. Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que
repicou. Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um dia
proclamou-se a República. João repicou por ela, repicaria pelo Império, se o
Império retornasse.”
(MACHADO, Assis de. Crônica sobre a morte do escravo João,
1897)
(A)
por
ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à
Abolição.
(B)
não
poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.
(C)
tocou
os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo.
(D) tocava os sinos quando ocorriam fatos
marcantes porque era costume fazê-lo.
(E)
tocou
os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da Princesa Isabel.
O autor do texto abaixo critica, ainda
que em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea em relação aos seus
hábitos alimentares.
“Vocês que têm mais de 15 anos, se
lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? (...)
Mas vocês não se lembram de nada, pô!
Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque
agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em pacote, imagina, Tereza! – na
porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou pasteurizado, sei lá,
tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.
Será que isso é mesmo leite? No
dicionário diz que leite é outra coisa: ‘Líquido branco, contendo água,
proteína, açúcar e sais minerais’. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser
humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne
serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra
fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota fora.
Esse aqui examinando bem, é só pra
botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem,
sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho
que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam como?
Nunca tomaram! Múúúúúúú!”
(FERNANDES,
Millôr. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999)
08
- A crítica do autor é dirigida:
(A)
ao desconhecimento, pelas novas
gerações, da importância do gado leiteiro para a economia nacional.
(B)
à diminuição da produção de leite após
o desenvolvimento de tecnologias que têm substituído os produtos naturais por
produtos artificiais.
(C)
à artificialização abusiva de alimentos
tradicionais, com perda de critério para julgar sua qualidade e sabor.
(D) à
permanência de hábitos alimentares a partir da revolução agrícola e da domesticação
de animais iniciada há 5.000 anos.
(E)
à importância dada ao pacote de leite
para a conservação de um produto perecível e que necessita de aperfeiçoamento
tecnológico.
09 - A palavra
embromatologia usada pelo autor é:
(A)
um termo científico que significa
estudo dos bromatos.
(B)
uma composição do termo de gíria
“embromação” (enganação) com bromatologia, que é o estudo dos alimentos.
(C)
uma junção do termo de gíria
“embromação” (enganação) com lactologia, que é o estudo das embalagens para
leite.
(D) um
neologismo da química orgânica que significa a técnica de retirar bromatos dos
laticínios.
(E)
uma corruptela de termo da agropecuária
que significa a ordenha mecânica.
10 – Em muitos
jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos
noticiados. Veja um exemplo:
Jornal do Commercio, 22/8/93
O
texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é:
(A)
Descansem
o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
– Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
(AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de
Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971)
(B)
Essa
cova em que estás
Com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
É de bom tamanho,
Nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
deste latifúndio.
(MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas em voz
alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967)
(C)
Medir
é a medida
mede
A terra, medo do homem,
a lavra;
lavra
duro campo, muito
cerco, vária várzea.
(CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo:
Summums, 1978)
(D)
Vou
contar para vocês
um caso que sucedeu
na Paraíba do Norte
com um homem que se
chamava
Pedro João Boa-Morte,
lavrador de Chapadinha:
talvez tenha morte boa
porque vida ele não
tinha.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1983)
(E)
Trago-te
flores, – restos arrancados
Da terra que nos viu
passar
E ora mortos nos deixa
e separados.
(ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986)
GABARITO
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